segunda-feira, 28 de junho de 2010

LIXO ELETRÔNICO A rota do lixo

Iniciativas de reciclagem e uma nova lei podem reduzir o impacto

nocivo do descarte de eletrônicos


Um celular novo, um televisor cheio de recursos, um notebook mais leve - depois de certo tempo, todos têm necessidade ou vontade de comprar novos produtos para substituir os que ficaram obsoletos. Surge, então, um problema: o que fazer com os eletrônicos antigos? É possível doá-los ou vendê-los. Mas na maioria das vezes o destino é o lixo. Com isso, a montanha de resíduos eletrônicos cresce em alta velocidade. De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), o volume anual de eletrônicos descartados no planeta aumenta 40 000 toneladas todos os anos.

No Brasil, a luz amarela já se acendeu há algum tempo. O relatório da ONU critica a falta de estratégias do país para lidar com o problema. Depois de 19 longos anos de discussão, a Política Nacional de Resíduos Sólidos foi aprovada em março na Câmara dos Deputados. Pela primeira vez, uma lei distribui a responsabilidade sobre os resíduos entre fabricantes, governo e sociedade.

As empresas serão obrigadas a recolher e dar destino adequado a seus produtos, enquanto o governo e os consumidores não podem fazer descaso do assunto. A lei proíbe a eliminação de resíduos onde possa haver contaminação da água ou do solo. Ainda precisa passar pelo Senado e ser sancionada pela Presidência da República. Mas o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, acredita em sua aprovação.

CHUMBO NA ÁGUA
O principal problema do lixo eletrônico no país é que ainda não há a prática de dar a ele um destino específico. Poucos fabricantes têm um esquema para recolher produtos descartados. "O material vai parar em aterros sanitários junto com o lixo comum", diz Tereza Carvalho, diretora do Centro de Computação Eletrônica da Universidade de São Paulo (USP). Como os aparelhos contêm metais pesados, como chumbo, níquel e cádmio, as consequências são terríveis para o ambiente.

Um exemplo está nos monitores e televisores de tubo. Com a popularização das telas de cristal líquido, eles são descartados aos milhares. Cada um contém, em média, 1,4 quilo de chumbo. Uma camada do metal fica logo atrás da tela, para proteger o ser humano dos raios catódicos emitidos pelo tubo de imagem. Se ingerido, o chumbo causa danos ao sistema nervoso e reprodutivo. Uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente limita a quantidade de metais perigosos nos novos monitores, mas não pune o lançamento do lixo tóxico no solo. Em março, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo multou a prefeitura de Bauru por irregularidades em seu aterro sanitário. A falha pode estar ligada à suspeita de contaminação por chumbo do Aquífero Bauru, que abastece mais de 200 cidades em São Paulo e Minas Gerais. Um relatório da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural da cidade apontou um nível de chumbo acima do permitido para os 14 poços monitorados.

RECICLAR É PRECISO
Algumas ONGs, fabricantes e operadoras de telefonia tomaram iniciativas para dar um fim apropriado ao lixo eletrônico. Um dos exemplos é o Centro de Descarte e Reúso de Resíduos de Informática (Cedir) da USP, inaugurado em dezembro.
Cedir, da USP: o centro pode evitar o despejo de 1 000 PCs por mês em lixões

Nenhum comentário:

Postar um comentário